quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

enfermos, pálidos enfermos

Choveu como nunca chovera antes
a terra tremeu como nunca tremera antes
os ventos dançaram como nunca dançaram antes
os fogos lançaram como nunca lançaram antes

Ví os orgulhos serem dizimados
ví a arrogância tímida escondida em um canto
ví os mentirosos, os falsos em prantos
ví o sangue dos ardilosos espalhados.

Já não havia mais nada
Não havia os bens preciosos para mostrar
não havia vitrines, ouro ou estradas
havia apenas a verdade escarrada
mostrando a todos o que realmente eles eram.

Pequenos, muito pequenos,
soberbos, muito soberbos,
extremos, muito extremos
enfermos, pálidos enfermos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Minha poesia






Minha poesia não tem rima


minha poesia sucumbe ao verso


e destroi a estrofe.


Minha poesia é livre e prima


gosta do oposto do reverso


e de tudo que se move.


Minha poesia fala de tudo


de minhas cores do mundo


fala por mim, já que sou mudo.


Minha poesia é de busca


é de quem se recusa


a poucas gotas de chuva.


Minha poesia é imatura


é desesperada e dura


como o cavaleiro da triste figura.


Minha poesia é de protesto


é de desespero, de insatisfação


é de ferida e de extrema-unção.


Minha poesia morre comigo


é meu legado e umbigo


dança desesperada em meu precipício.


Minha poesia é de desafio


de precipício e de arrepio


de desencanto e extravio.